quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

PELO FIM DA CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS E DA POBREZA

Na tarde desta terça-feira 26, realizou-se, nas dependências do Cpers, uma Tribuna Popular sob o tema “Contra a criminalização dos movimentos sociais” e, conforme frisado pelos palestrantes, contra também a criminalização da pobreza.

Neste evento que reuniu Cpers, MST, MTL, MNLM, Intersindical, Químicos Unificados, Tribuna Popular Nacional, Coletivo Levante Nacional, UNE, FASUBRA e diversos participantes, debateu-se a respeito da violência desmedida aplicada pela polícia aos militantes como represália aos manifestos, o que também ocorre muito e indiscriminadamente à população pobre, gerando inúmeras prisões desnecessárias e outras fatalidades.
Segundo Bernadete Menezes, historiadora e professora da UFRGS, é possível comparar estas repressões às que ocorreram no período ditatorial, das quais tantas ficaram ocultas mesmo após a Lei da Anistia. Hoje, o mesmo ocorre ao impedir a divulgação das tristes conseqüências dos confrontos entre os movimentos sociais e a polícia: torturados, feridos e até mortos.
Para Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST, há um processo para sair desta criminalização e para reestruturar o movimento, porém não há receita para seguir e, além disso, deve-se ter consciência de que o Estado – com seu aparato repressivo – e a burguesia não faltarão e isto clareia o planejamento a ser feito pelo MST. É válido lembrar que o Ministério Público decretou a dissolução do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, declarando a ilegalidade do mesmo por ser considerado um grupo paramilitar.
Relembrou-se, inclusive, da violenta repressão policial aos professores integrantes do Cpers, em 2009, sob ordens da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, e a posterior punição de corte de salários dos professores como maneira de deter o sindicato.
O abuso da força policial também foi usado numa tentativa de impedir a realização de uma assembléia do Sindicato dos Químicos Unificados, conforme relatou Paulo Soares Correia – conhecido como Paulinho – do Sindicato de Osasco-SP. Os sindicalistas reivindicavam por reformas econômicas (ajuste salarial de 10%, participação nos lucros da empresa, equiparação salarial) e convênio médico.
Numa assembléia posterior, o atraso na entrada dos funcionários foi entendido pela empresa como uma greve, gerando processos judiciais e agressões aos participantes do sindicato, acusados por dissídio coletivo. Paulinho e outros colegas foram torturados pela polícia durante este ato e apontados como arruaceiros para os demais trabalhadores. Apesar disso, Paulinho afirmou que o Sindicato dos Químicos Unificados continuará lutando, resistindo e organizando seus trabalhadores na conquista de seus direitos.

Jussemara Souza da Silva

Rede RDC Web

Rádio Fórum Porto Alegre

Um comentário:

  1. Colega, Bom o teu texto. Certamente o fato noticiado por ti contribuirá muito aos debates, pois é uma questão muito atual. Recentemente em Iara, interior de São Paulo foram presos nove sem terra por, veja só, defender a reforma agrária.
    Att.
    Tyrone
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/463826.shtml

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